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Autora: Elisa Condez
Aguentam uma reflexão?
(ou podem passar já às dicas)
Cresci a ouvir dizer que o mais importante no Natal não eram os presentes, que o verdadeiro significado do Natal era a celebração do nascimento de Jesus Cristo e a celebração da família. Contudo, contrariamente a tudo isto, cresci habituada a receber presentes no Natal, muitos presentes, demasiados até. Cada pessoa era inundada por um mar de presentes, tantos que nem lhes prestávamos atenção. A sala ficava completamente coberta em papel de embrulho, que ia todo para o lixo na manhã seguinte.
Enquanto criança, mesmo sabendo que nem todos as crianças tinham a mesma sorte que eu, eu acreditava que um Natal sem presentes não era Natal, seria impensável e triste!
Com o tempo, comecei a dar mais valor ao Natal pelas pequenas coisas. Pela partilha com a família, a beleza das luzes, a alegria das músicas desta época, o aconchego da comida. Em nenhuma outra altura do ano o bacalhau cozido sabia tão bem como na noite de consoada. Para mim, há um je ne sais quoi à volta do Natal, uma opinião compartilhada por muitos, não por todos.
À medida que a preocupação ambiental foi invadindo a minha vida, fui começando a repensar o meu Natal. Começámos a dar menos presentes, um por pessoa era suficiente e coisas que as pessoas precisassem ou quisessem realmente. Chegámos a fazer troca de prendas do amigo secreto.
No Natal passado, ano de pandemia, decidimos que não iríamos trocar presentes, desfrutando apenas da partilha em família. Estávamos há pouco tempo na nossa casa nova e decidimos não comprar enfeites de Natal novos. Aproveitámos alguns enfeites velhos dos nossos pais e fizemos os nossos próprios enfeites com materiais naturais. Nunca o Natal me soube tão bem! Talvez por sentir que me consegui desapegar do material. E também porque não tive de passar horas de tortura nas filas dos centros comerciais, confesso.
Acredito, acima de tudo, que, independentemente de sermos religiosos, de termos ou não família, de gostarmos ou não do Natal, esta é uma época que nos pode (e deve) fazer (re)pensar.
Pode ser a altura do ano para rever amigos. Pode ser a ocasião em que convidamos alguém que está sozinho a passar o jantar connosco. Pode ser uma boa altura para reatar relação com alguém de quem nos afastámos. Pode ser um bom pretexto para sermos voluntários. Pode ser um incentivo para mudarmos algo nas nossas vidas. Mas por quê só no Natal? E por que não?
Este pode ser um bom ano para começarmos a repensar a forma como vivemos o Natal. Para nos desprendermos desta onda de consumismo, disfarçada de falsa felicidade, e que tanto prejudica o nosso planeta.
Por isso, e porque adoro esta época (dá para perceber?), decidi trazer-vos algumas ideias para vivermos um Natal mais sustentável, ou mais consciente, como lhe quiserem chamar.
1. Comprar menos presentes e presentes que façam sentido.
Não precisamos de deixar de oferecer. Depende do que fizer sentido para cada pessoa e cada família. Mas não, nem nós adultos nem as crianças precisamos de 10 presentes diferentes, que muitas vezes compramos por comprar e que a pessoa nem queria ou precisava.
2. Oferecer presentes feitos por nós.
Têm muito mais valor sentimental. Mesmo que seja uma coisa simples, barata ou imperfeita, acreditem, a outra pessoa vai valorizar o vosso esforço (ou pelo menos devia).
3. Embrulhos de presentes sustentáveis
Estão a ver o papel de embrulho e sacos dos anos anteriores? Guardo-os numa caixa e reutilizo-os para embrulhar novos presentes. No vídeo, utilizámos papel de um saco que já estava amarrotado e feio. Et voilá! Transformou-se num bonito embrulho para um livro (sim, aquele Harry Potter tem 20 anos). Não usámos fita cola (se precisarem prefiram uma de papel), conseguimos agarrar tudo com uma corda de cisal. Podem decorar com um elemento natural e escrever uma dedicatória.
4. Criar a nossa própria coroa de Natal
Estão a imaginar o dia 1 de Dezembro inteiramente dedicado às decorações de Natal? Pois é, nós fazemos assim. É uma oportunidade para juntar a família e viver um dia divertido.
Podem usar diversos materiais. Nós usamos apenas materiais naturais, temos a sorte de viver perto do campo. Fizemos o molde da coroa com paus de vide – são facilmente maleáveis e não partem. Usámos fitas vegetais para prender melhor a coroa e ramos de arbustos e azevinho para preencher e decorar. Para segurar os ramos, usámos linha de costura. Depois, decorámos com pinhas pequenas e rodelas de clementina (era o que tínhamos no quintal) desidratada (descubram em baixo como fazer).
Por fim, é só colocar uma corda para pendurar.
5. Enfeites para a árvore de Natal
Podem dar asas à imaginação. Aproveitámos restos de cartão de uma encomenda, cortámos rodas com um copo e um x-acto e depois colámos alguns materiais naturais. Fizemos um furo para colocar um fio. E assim fizemos enfeites originais para a nossa árvore de Natal. Podem escrever mensagens ou dedicatórias nos cartões ou até colar fotografias de cada membro da família.
6. Como fazer laranja desidratada (ou outro citrino)?
Cortem rodelas mais ou menos da mesma espessura, com casca e tudo. Disponham-nas num tabuleiro, em cima de papel vegetal ou de uma base de forno (preferencialmente). Depois levem ao forno, entre 180-200ºC, durante cerca de 1 hora (o tempo pode variar de forno para forno) – estejam atentos para não as deixarem queimar. Dica: rentabilizem tempo e energia e façam um bolo ao mesmo tempo.
Feliz Natal!